Era uma vez um velho muito velho, quase cego e surdo, com os joelhos tremendo.
Quando se sentava á mesa para comer, mal conseguia segurar a colher.
Derramava sopa na toalha e, quando, afinal, acertava a boca,
deixava sempre cair umbocado pelos cantos.
O filho e a nora dele achavam que era uma porcaria e ficavam com nojo.
Finalmente, acabaram fazendo o velho se sentar num canto atrás do fogão.
Levaram comida para ele numa tigela de barro e o que era pior nem lhe davam o bastante.
O velho olhava para a mesa com os olhos compridos, muitas vezes cheio de lágrimas.
Um dia, suas mãos tremeram tanto que ele deixou a tigela cair no chão e ela quebrou.
A mulher ralhou com ele, que não disse nada, só suspirou.
Depois ela comprou uma gamela de madeira bem baratinha e era ai que ele tinha que comer.
Um dia, quando estavam todos sentados na cozinha,
o neto do velho, que era ummenino de oito anos, estava brincando com uns pedaços de pau.
- O que é que você esta fazendo? perguntou o pai.
O menino respondeu:
- Estou fazendo um cocho, para papai e mamãe poder comer quando eu crescer.
O marido e a mulher se olharam durante algum tempo e caíram no choro.
Depois disso, trouxeram o avô de volta para a mesa.
Desde então passaram a comer todos juntos e,
mesmo quando o velho derramava alguma coisa,ninguém dizia nada.
Autor Irmãos Grimm,
tradução de Ana Maria Machado
" Tratem os idosos como gostariam de ser tratados, pois se Deus permitir, amanhã poderão ser um deles."
2 comentários:
Hoje eu estava pesquisando sobre fábulas. Fui navegando, navegando entre tantas fábulas, até que encontrei essa "O velho e o neto". Gostei bastante e a coloquei em uma atividade que eu estava fazendo. Depois voltei para rever seu blog e o achei gracioso, com belas mensagens. Parabéns! Lu (Pará).
Acho que além das fábulas infantis tão conhecidas, é preciso que as pessoas de um modo geral (desde crianças a adultos) conheçam "O velho e o neto", para que haja mais respeito e carinho pelos idosos. Abraços, Lu.
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